Nós todos crescemos conhecedores do ciclo da vida. Nascer, crescer, envelhecer e morrer! A tal ordem natural deveria ser essa; não deveria ser comum filhos partirem antes dos pais. Após uma certa idade, nossos pais envelhecem e, sem que se possa evitar, a certeza da morte assombra nossos pensamentos.Mas essa, sem dúvida, apesar da consciência da fragilidade e validade da vida, é uma certeza difícil de encarar.
Soube hoje que minha mãe está doente e não é uma doença qualquer! Não é algo que eu possa controlar, parar ou, definitivamente, curar. Ela realmente está doente e eu preciso aceitar isso!
O que fazer de agora em diante? Tratá-la da melhor maneira que puder, paparicando-a e aproveitando cada minuto ao seu lado? Agir como sempre agi, sendo a filha que sempre fui? E como ser a mesma pessoa depois de uma revelação desta profundidade?
Pois é, são muitas as perguntas que me faço neste momento!
Sabe, tenho pensado no que fomos uma pra outra até agora! Será que se nos separássemos hoje, estaríamos felizes com o que fomos, fizemos e dissemos uma pra outra durante todos esses anos de companhia e presença?
Na verdade, eu só desejo que ela tenha sido feliz.
Hoje, não importa o que seja feito, ela está cheia de lembranças de todos os seus anos. A saída é continuar enchendo-a de boas lembranças.
Através da ciência, da medicina, do homem, pode-se afirmar muitas coisas, mas há uma que vai além de qualquer estudo: o tempo da vida! A vida é incalculável, mesmo quando todos os cálculos possíveis sejam feitos, nunca se chegará ao verdadeiro resultado, nunca!
Agora, o que quero são abraços intermináveis, abraços que durem o tempo equivalente ao tempo da minha infância, ao tempo incerto e frágil da vida, um tempo grande e caloroso.
Existe um texto, do Carpinejar que se chama "Pai de meu pai" que fala sobre como os filhos se transformam em pais dos seus próprios pais quando eles já não podem mais "caminhar" sozinhos, mesmo que eles não se deem conta disso. E quero terminar este relato com a frase final deste texto.
"O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali."